Como é que a geração Z está a transformar o mercado de trabalho em Portugal

Embora a Geração Z esteja no mercado de trabalho há apenas alguns anos, o seu impacto já é evidente. Crescidos num mundo hiper-conectado e digital, os profissionais mais jovens valorizam a flexibilidade, o bem-estar e a autonomia. Esta mentalidade está a obrigar as empresas a repensar as condições tradicionais de trabalho e a cultura organizacional. Descobre como a Geração Z está a moldar o mundo laboral em Portugal e de que forma as organizações estão a adaptar-se.

Benefícios preferidos: a flexibilidade está em primeiro lugar

A flexibilidade e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional são prioridades claras para a Geração Z — e isso reflete-se nas suas preferências em relação aos benefícios extra-salariais. De acordo com um inquérito recente da Robert Walters, os cinco benefícios mais valorizados por jovens profissionais da Geração Z são:

• Dias de férias adicionais ou possibilidade de sabáticas (71%)
• Carro da empresa (59%)
• Opções de trabalho flexível ou remoto (53%)
• Bónus baseado no desempenho (47%)
• Pacote de seguros (41%)

Como estão as empresas a reagir?

As organizações portuguesas reconhecem que oferecer modelos de trabalho flexíveis e benefícios atrativos é essencial para atrair e reter talento jovem. Em 2025, 83% das empresas inquiridas afirmam manter o mesmo número de dias de teletrabalho. Além disso, estão a modernizar os benefícios, com pacotes ajustáveis à medida de recém-licenciados, incluindo seguros de saúde, apoio à saúde mental, subsídios para ginásios e iniciativas para promover o equilíbrio vida-trabalho.

As suas ambições: pouca vontade de assumir cargos de chefia

Apesar de quererem ter impacto, muitos profissionais da Geração Z não ambicionam cargos de gestão. Cerca de 42% afirmam não querer ser chefes intermédios, principalmente devido ao elevado nível de stress comparado com o retorno financeiro. Em vez disso, preferem funções onde possam desenvolver competências e ter maior autonomia.

Como estão as empresas a reagir?

A clássica "subida na carreira" está a ser substituída por percursos de desenvolvimento mais flexíveis, que se adaptam melhor às ambições dos mais jovens. Estruturas horizontais e equipas colaborativas promovem a partilha de responsabilidades e o crescimento individual. O bem-estar no trabalho ganhou também maior relevo, com programas dedicados à saúde mental e à satisfação profissional.

Estilo de comunicação: digital e direto

A comunicação é central na experiência profissional da Geração Z, fortemente influenciada pelas tecnologias digitais:

• 59% preferem email ou mensagens de chat a chamadas telefónicas
• 1 em cada 2 sente-se desconfortável em chamadas telefónicas profissionais

Como estão as empresas a reagir?

Ferramentas como o Microsoft Teams e até o WhatsApp tornaram-se canais de comunicação quotidiana nos ambientes de trabalho portugueses, por serem rápidos e informais, ao gosto das novas gerações. Ainda assim, as chamadas telefónicas continuam a ter o seu lugar — e as videochamadas ganharam ainda mais importância.

Muitas empresas oferecem hoje formação em comunicação para garantir que os colaboradores comunicam de forma eficaz e profissional em todos os formatos. Programas de mentoria também ajudam os jovens a ganhar confiança em interações mais formais, incluindo chamadas profissionais.

O futuro do trabalho

Apesar da sua presença recente no mercado, a Geração Z já trouxe uma lufada de ar fresco às práticas laborais. Está a desafiar as empresas a reavaliar os seus modelos de trabalho, cultura e prioridades.

Organizações que se adaptarem desde já a estas novas tendências não só se tornam mais atrativas para os jovens talentos, como criam bases sólidas para uma cultura de trabalho preparada para o futuro. Com os ajustes certos, é possível atrair, motivar e reter talento — agora e nas gerações vindouras.