Está a pensar desenvolver as suas habilidades, procurando um melhor equilíbrio entre “hard” e “soft skills”, isto é, capacidades mais técnicas e competências comportamentais ou sociais? Mas qual é a diferença, e o que pode fazer para limitar as falhas? Leia os conselhos dos nossos especialistas e descubra.
Um conjunto de habilidades equilibrado é essencial para qualquer pessoa que se encontra em busca de emprego. No entanto, ter “hard” ou “soft skills” não é a mesma coisa, e a forma como demonstra estas capacidades a um potencial empregador faz toda a diferença.
“É mais fácil quantificar ‘hard skills’ do que ‘soft skills’”, comenta Susana Costa, Manager da divisão de Finanças e RH na Robert Walters. “Aqui falamos de coisas que se podem aprender numa sala de aula ou com uma formação específica, a ler um livro, ou ao consultar alguém no trabalho. É fácil dizer e saber se as tem ou não tem, e com a aptidão certa são mais fáceis de aprender do que as ‘soft skills.’”
Segundo Erica Sosna, especialista do Career Matters, que ajuda empresas a manter e a dar nova energia ao seu talento através de conversas sobre carreira, “‘hard skills’ são habilidades técnicas, geralmente num campo de conhecimento específico, e muitas vezes formalmente certificadas. Por exemplo, saber alguma linguagem de código é uma ‘hard skill.’ Além disso, ‘hard skills’ tendem a referir-se mais à aquisição de conhecimentos de forma estruturada e formal.” Por outro lado, as “soft skills” são “capacidades que usamos diariamente para comunicar, compreender e interagir com as pessoas à nossa volta”, continua Sosna. Estas relacionam-se com a forma como uma pessoa aborda uma situação; por exemplo, dizer que tem experiência de gestão, ainda que não seja formalmente um gestor de projeto.
As “soft skills” são muito mais transferíveis porque são capacidades necessárias em todas as profissões. Assim, quanto mais “soft skills” tiver, mais opções terá.
“Competências transferíveis são aquelas que facilmente se transferem entre diferentes cargos, setores e mesmo carreiras”, comenta Susana. “As ‘hard skills’ são menos transferíveis. Por exemplo, em recursos humanos, uma ‘hard skill’ pode ser conhecimento da lei do trabalho de um país, que pouco serviria num cargo noutro país; ou a competência para recrutar num setor muito específico; ou, ainda, ser fluente numa língua muito local sem grande expressão internacional, como o basco.”
Em comparação, as “soft skills” são muito mais transferíveis porque são capacidades necessárias em todas as profissões. Assim, quanto mais “soft skills” tiver, mais opções terá.
“Não há uma resposta que se aplique a todos os casos porque depende bastante do cargo em questão”, comenta Susana. “Por exemplo, no caso de um engenheiro mecânico ou R&D, a falta de ‘hard skills’ seria inaceitável, enquanto a falta de certas ‘soft skills’ poderia não ser um problema. Noutras profissões, porém, as ‘soft skills’ são muito importantes. Veja-se o caso de pessoas que trabalham em vendas – ninguém espera que sejam especialistas técnicos no produto que estão a vender, mas precisam, sim, de ‘soft skills’ para serem bem-sucedidas, desde a capacidade de lidar com pessoas, criar uma boa relação, ter escuta ativa, e capacidade de conseguir fechar um negócio.”
“Os recrutadores analisam as ‘hard skills’ dos candidatos antes de fazerem uma entrevista, já que estas costumam encontrar-se no CV. Por outro lado, não se conseguem avaliar ‘soft skills’ por um currículo, mas sim num contexto de entrevista”, refere Susana.
Erica acrescenta: “Como as ‘soft skills’ estão muitas vezes relacionadas com pessoas e comunicação, a entrevista de um candidato é sempre uma boa forma de testá-las. Um entrevistador precisa de realmente interagir presencialmente com um candidato para ficar com uma boa noção do seu nível de ‘soft skills.’ Se for uma entrevista interna, o entrevistador pode também perguntar às pessoas que têm gerido e trabalhado com o candidato no dia-a-dia.”
“As ‘hard skills’ são mais fáceis de comprovar, enquanto as ‘soft skills’ requerem mais contexto e capacidade de contar uma história – a técnica STAR (mais informações neste artigo) é uma excelente maneira de comunicar as suas habilidades transferíveis e ‘soft skills’, principalmente se estiver a mudar de indústria ou de função, pois ajudam um candidato a traduzir a sua experiência de uma indústria para outra. Por exemplo, demonstrar como conseguiu influenciar uma mudança dentro de estrutura de chefia complexa é uma história com conotações positivas em qualquer circunstância, independentemente de o ter feito numa consultora, num escritório de advogados ou num banco.”
“Em várias situações de trabalho, as ‘soft skills’ podem ser a chave para o sucesso em termos de desempenho e promoção”, explica Susana. “Os requisitos para competências técnicas em cargos mais sénior começam a diminuir, enquanto a ênfase em ‘soft skills’ cresce – a este nível, é preciso demonstrar capacidade de liderança e gestão de pessoas, com algum talento para influenciar os outros.” Susana acrescenta: “Se uma pessoa trabalha num cargo mais técnico onde as ‘hard skills’ são mais importantes, mas tem também excelentes ‘soft skills’, especialmente em comparação com os seus colegas de trabalho, esta pessoa tem muito mais potencial para subir a posições mais sénior de gestão e outros cargos comerciais.”
Os recrutadores analisam as ‘hard skills’ dos candidatos antes de fazerem uma entrevista, já que estas costumam encontrar-se no CV. Por outro lado, não se conseguem avaliar ‘soft skills’ por um currículo, mas sim num contexto de entrevista
Para perceber aquilo que falta ou que precisa de alguma melhoria no seu conjunto de habilidades, é necessário ter atenção, escutar ativamente, e estar preparado para mudar.
“Algumas pessoas dizem que querem melhorar mas, na verdade, não estão assim tão abertas a críticas construtivas”, explica Susana. “Se quer desenvolver as suas capacidades, pode consultar um mentor ou especialista de uma competência ou habilidade específicas. Comece por estabelecer objetivos de aprendizagem mais simples, como ‘quero melhorar a minha capacidade de escuta ativa’ ou ‘vou passar a responder de forma mais positiva a feedback’ para começar a praticar na sua rotina diária do trabalho. Não tenha medo de pedir feedback. Para entrevistas de emprego, as pessoas costumam preparar sempre perguntas sobre expectativas de um determinado cargo, potenciais desafios e oportunidades, mas raramente vemos os candidatos a pedir feedback construtivo ao consultor de recrutamento ou responsável de recursos humanos sobre como foi o seu desempenho na entrevista em termos de ‘soft skills’. Esta é a melhor oportunidade de conseguir uma crítica construtiva e desenvolver uma visão realista sobre as suas ‘soft skills.’”
Além disso, muitas pessoas não têm a noção do valor dos consultores de recrutamento e profissionais de recursos humanos para conhecer melhor as lacunas no seu conjunto de habilidades. Algumas empresas têm especialistas ou centros de desenvolvimento de talento que pode consultar relativamente a alguma falha de habilidades que tenha. Além disso, são também especialistas naquilo que é mais necessário para o seu setor ou para a sua próxima promoção, e tudo isto pode ajudá-lo a criar, de maneira mais eficiente, um plano de objetivos de desenvolvimento de habilidades e competências.
Finalmente, é preciso entender que pessoas diferentes têm pontos fortes e pontos fracos distintos, e algumas “soft skills”, embora desejáveis, podem não ser essenciais no seu tipo de trabalho. Algumas delas são muito difíceis de adquirir ou demoram demasiado tempo, pelo que terá de prioritizar, no caso de uma determinada “soft skill” não ser essencial para o sucesso na sua profissão, se é mais proveitoso focar-se noutro aspeto primeiro. Erica declara: “Se apenas se focar naquilo que falta, pode perder oportunidades de sobressair noutras áreas.”
Pessoas diferentes têm pontos fortes e pontos fracos distintos, e algumas “soft skills”, embora desejáveis, podem não ser essenciais no seu tipo de trabalho. Algumas delas são muito difíceis de adquirir ou demoram demasiado tempo
“Para pessoas muito técnicas, como na área de Direito, Tecnologia ou Finanças, avançar para cargos de gestão ou de estratégia pode ser uma transição muito dolorosa, porque em muitos casos não têm as ‘soft skills’ necessárias. Este tipo de promoção afasta-os das coisas que mais gostam de fazer. No entanto, se uma pessoa quer realmente desenvolver as suas ‘soft skills’, pode explorar projetos e oportunidades para crescer até mesmo fora do trabalho - pode desenvolver muitas ‘soft skills’ gerindo uma equipa desportiva ou organizando um projeto complexo de voluntariado. Além disso, também há programas específicos focados em desenvolver habilidades como liderança, team-building, e comunicação. Aproveite cada oportunidade para praticar, escute com humildade, e peça feedback. Acima de tudo, tem de estar lá”, acrescenta Erica.
“As empresas estão a dar cada vez mais importância a ‘soft skills’, refere Erica. “Ao contrário de muitas ‘hard skills’, que são relativamente fáceis de adquirir, seja utilizar um novo sistema, ou compreender uma nova regulamentação industrial, ensinar uma 'soft skill', seja flexibilidade, capacidade de trabalhar sob pressão, ou inteligência emocional, é muito mais complicado.”
“Na situação económica atual, tudo muda constantemente e de forma tão rápida que as competências técnicas que foram um dia muito valorizadas e procuradas podem não o ser no futuro”, acrescenta Susana. “Para mim, uma ‘soft skill’ essencial neste contexto é a capacidade de adaptação – ou seja, uma mentalidade que permite ganhar novas habilidades e lidar de forma positiva com cenários em constante mudança. Outra ‘soft skill’ importante é a capacidade de colaboração, que se relaciona com trabalho em equipa, a capacidade de influenciar outros, comunicar, etc. Isto é muito importante para várias companhias, especialmente com a metodologia de trabalho ‘Agile’, por exemplo.”
Na análise final, segundo Erica, vale a pena focar-se nos seus pontos fortes: “Alguns de nós temos uma habilidade natural para lidar com problemas ou para ser inovadores, enquanto outros são excelentes na atenção ao detalhe. Muitas vezes acabamos por desvalorizar os nossos talentos naturais porque assumimos todos os possuem. Se fizer a pergunta ‘O que é que eu não consigo deixar de fazer?’, vai saber quais são as suas qualidades-chave que fazem de si único, e as ‘soft skills’ que podem ajudá-lo a destacar-se da competição.”
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